terça-feira, 4 de dezembro de 2012

A FÉ QUE ME ROUBARAM...



Nunca fui um homem muito religioso. Mas sempre me considerei um homem de fé. Cria em deus com a simplicidade de uma criança que entregava sua vida nas mãos do pai ao saltar para o desconhecido, na certeza de que o abraço forte a apanharia e não deixaria que nada de mal lhe acontecesse.

Pedia a deus com a inocência desta mesma criança que, se chegando ao pai, pedia algo, na certeza de que seria atendido.

Como pude me enganar tanto com esse tal de deus? Um cara que, como o manipulador, brinca com seus marionetes, pouco se importa se estes tinham ou não suas esperanças depositadas única e exclusivamente em suas mãos, se diverte com seus infortúnios. 

Minha fé em deus me foi retirada... e não sem sofrimento, pois esta era uma das poucas certezas que tinha em minha vida. A certeza de quem acreditava num ser supremo que se importava com o que acontecia comigo. No entanto, no momento em que mais precisei dele, no momento em que me lancei para o desconhecido, pedindo que ele me amparasse, ele não estava lá, deixando com que me estatelasse no chão, me fazendo em pedaços...

Como posso agora pedir para um cara em quem não mais creio possa abençoar minha filha? Como posso pedir para que este cara a proteja em seu caminho diário? Como posso desejar a alguém, seja lá quem for, que deus a acompanhe se nele não mais creio?

Mas esta não foi a única fé que me foi tirada. Infelizmente, sempre fui também muito crédulo com as pessoas que me cercavam. Me entregava de corpo, alma (?) e coração àqueles que de mim eram próximos, acreditando que também eles assim o faziam. Como pude ser assim tão tolo?

O que recebi em troca dessa minha quase "servidão", nessa minha crença e confiança nas pessoas? Poucos sabem... e no que depender de mim, ninguém mais irá saber...

Como poderei, de agora em diante, restaurar, um mínimo que seja, a minha fé nas pessoas? Como poderei me entregar novamente, ainda que seja aos poucos, se a cada palavra que me é dita penso que posso estar agindo como um completo idiota?

Perdi, ainda, a minha fé no amor. E como me dói dizer isso. 

Esse sentimento que sempre me foi tão profundo, tão caro, tão verdadeiro, de repente, me foi completamente extirpado. Me sinto oco, seco... Não fosse o que sinto por minha filha, seria capaz de dizer que o amor é apenas uma palavra criada para vender...

Por último, perdi minha fé no futuro. 

Por mais da metade de minha vida, todas as metas e objetivos foram traçados buscando a realização de uma aspiração de um futuro. Algumas destas metas e objetivos foram alcançados, outros ainda permaneciam como metas. Estas sempre foram traçadas com base num projeto traçado, já há muitos anos, e que envolviam pessoas que jamais imaginei que pudessem sair de minha vida.

Repentinamente, todos estes projetos e objetivos me foram extirpados. 

Em resumo: 

Perdi minha fé em deus...
Perdi minha fé nos homens...
Perdi minha fé no amor...
Perdi minha fé no futuro...

O que me resta?

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